domingo, 31 de março de 2019
O MEU JARDIM.
Não corra atrás das borboletas.
Plante uma flor no seu jardim e todas as borboletas virão até ele.
Walter David Ehlers.
quarta-feira, 20 de março de 2019
VOO SEM PÁSSARO DENTRO.
A poesia não é voz - é uma inflexão.
Dizer, diz tudo a prosa. No verso
nada se acrescenta a nada, somente
um jeito impalpável dá figura
ao sonho de cada um, expectativa
das formas por achar. No verso nasce
à palavra uma verdade que não acha
entre os escombros da prosa o seu caminho
E aos homens um sentido que não há
nos gestos nem nas coisas:
voo sem pássaro dentro.
Adolfo Casais Monteiro
terça-feira, 5 de março de 2019
FLOR DE ERVILHA-DOCE.
Eu me busquei no vento
e me encontrei no mar
e nunca
um navio da costa se afastou
sem me levar.
Sophia de Mello Breyner
segunda-feira, 18 de fevereiro de 2019
MARCADORES DE LEITURA.
Há aqueles que não podem imaginar o mundo sem pássaros;
Há aqueles que não podem imaginar o mundo sem água;
Ao que me refere, sou incapaz de imaginar um mundo sem livros. Jorge Luís Borges
sábado, 2 de fevereiro de 2019
TELA, COR, PINCEL.
quarta-feira, 16 de janeiro de 2019
APENAS ROSAS.
Os rituais da infância não nos deixam esquecer:
Era verde a sombra das árvores no pátio da escola.
Eram verdes os trigais pejados de papoilas.
Eram verdes os pássaros que traziam um prado
colado ao voo rasante, nas tardes de verão.
E os rios tão verdes. Tão verdes as águas.
Tão verdes os peixes. Tão verdes os barcos invisíveis.
Tão verdes as mãos com que agarrávamos o tempo.
Graça Pires
Os rituais da infância não nos deixam esquecer:
Era verde a sombra das árvores no pátio da escola.
Eram verdes os trigais pejados de papoilas.
Eram verdes os pássaros que traziam um prado
colado ao voo rasante, nas tardes de verão.
E os rios tão verdes. Tão verdes as águas.
Tão verdes os peixes. Tão verdes os barcos invisíveis.
Tão verdes as mãos com que agarrávamos o tempo.
Graça Pires
quarta-feira, 2 de janeiro de 2019
RECOMEÇA...
Se puderes
Sem angústia
E sem pressa.
E os passos que deres,
Nesse caminho duro
Do futuro
Dá-os em liberdade.
Enquanto não alcances
Não descanses.
De nenhum fruto queiras só metade.
E, nunca saciado,
Vai colhendo ilusões sucessivas no pomar.
Sempre a sonhar e vendo
O logro da aventura.
És homem, não te esqueças!
Só é tua a loucura
Onde, com lucidez, te reconheças…
Sem angústia
E sem pressa.
E os passos que deres,
Nesse caminho duro
Do futuro
Dá-os em liberdade.
Enquanto não alcances
Não descanses.
De nenhum fruto queiras só metade.
E, nunca saciado,
Vai colhendo ilusões sucessivas no pomar.
Sempre a sonhar e vendo
O logro da aventura.
És homem, não te esqueças!
Só é tua a loucura
Onde, com lucidez, te reconheças…
Miguel Torga
sexta-feira, 21 de dezembro de 2018
NATAL.
....Para haver Natal,este natal
talvez seja preciso recordar
que as vidas começam e recomeçam
e tudo isso é nascimento (logo, Natal!).
Que as esperanças ganham sentido
quando se tornam caminhos e passos.
Que para lá das janelas cerradas
há estrelas que luzem
e há a imensidão do céu.
Talvez nos bastem coisas afinal
tão simples:
- o alento dos reencontros
autênticos,
- a oração como confiança
soletrada,
- a certeza de que Jesus nasce
em cada ano,
para que o nosso natal
alguma vez, esta vez, seja NATAL.
José Tolentino Mendonça
talvez seja preciso recordar
que as vidas começam e recomeçam
e tudo isso é nascimento (logo, Natal!).
Que as esperanças ganham sentido
quando se tornam caminhos e passos.
Que para lá das janelas cerradas
há estrelas que luzem
e há a imensidão do céu.
Talvez nos bastem coisas afinal
tão simples:
- o alento dos reencontros
autênticos,
- a oração como confiança
soletrada,
- a certeza de que Jesus nasce
em cada ano,
para que o nosso natal
alguma vez, esta vez, seja NATAL.
quarta-feira, 12 de dezembro de 2018
PRIMEIRO ANIVERSÁRIO DA KIKI !
Com seu colar de coral,
Carolina
corre por entre as colunas
da colina.
O colar de Carolina
colore o colo de cal,
torna corada a menina.
E o sol, vendo aquela cor
do colar de Carolina,
põe coroas de coral
nas colunas da colina.
Cecília Meireles.
Carolina
corre por entre as colunas
da colina.
O colar de Carolina
colore o colo de cal,
torna corada a menina.
E o sol, vendo aquela cor
do colar de Carolina,
põe coroas de coral
nas colunas da colina.
Cecília Meireles.
quarta-feira, 21 de novembro de 2018
NO RELAXE DAS COMPRAS!
Existe somente uma idade para a gente ser feliz
somente uma época na vida de cada pessoa
somente uma época na vida de cada pessoa
em que é possível sonhar e fazer planos
e ter energia bastante para realizá-los
a despeito de todas as dificuldades e obstáculos.
......
Essa idade, tão fugaz na vida da gente,
chama-se presente,
e tem apenas a duração do instante que passa
... doce pássaro do aqui e agora
que quando se dá por ele já partiu para nunca mais!
sexta-feira, 16 de novembro de 2018
JARROS E TULIPAS.
Para atravessar contigo o deserto do mundo
Para enfrentarmos juntos o terror da morte
Para ver a verdade, para perder o medo
Ao lado dos teus passos caminhei
Por ti deixei meu reino meu segredo
Minha rápida noite meu silêncio
Minha pérola redonda e seu oriente
Meu espelho minha vida minha imagem
E abandonei os jardins do paraíso
Cá fora à luz sem véu do dia duro
Sem os espelhos vi que estava nua
E ao descampado se chamava tempo
Por isso com teus gestos me vestiste
E aprendi a viver em pleno vento
Sophia de Mello Breyner
Para enfrentarmos juntos o terror da morte
Para ver a verdade, para perder o medo
Ao lado dos teus passos caminhei
Por ti deixei meu reino meu segredo
Minha rápida noite meu silêncio
Minha pérola redonda e seu oriente
Meu espelho minha vida minha imagem
E abandonei os jardins do paraíso
Cá fora à luz sem véu do dia duro
Sem os espelhos vi que estava nua
E ao descampado se chamava tempo
Por isso com teus gestos me vestiste
E aprendi a viver em pleno vento
Sophia de Mello Breyner
terça-feira, 23 de outubro de 2018
EM TONS DE AMARELO
Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.
Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.
Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
— não sei, não sei. Não sei se fico ou passo.
Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
— mais nada.
Cecília Meireles
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