sábado, 26 de novembro de 2011

ZÍNIAS




Enfeite-se com margaridas e ternuras
E escove a alma com flores
Com leves fricções de esperança
De alma escovada e coração acelerado
Saia do quintal de si mesmo
E descubra o próprio jardim...

Artur da Távola

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

JARRA COM FLORES






Deixo-te meu coração
livre como um pássaro
uma árvore
uma pedra
se me tocares
não importa
se a pedra cai
livre como árvore
ou se esta voa
livre como um pássaro.

Jorge Ampuero  





domingo, 6 de novembro de 2011

VIRADO AO SOL.


Se um girassol
Ao por do sol
Parece sorrir
Pois fica com certeza
Que a noite está para vir.
Olha o girassol
Diz adeus ao sol
Sorri tu também
A noite é bem bonita
O girassol que o diga.
Chega a noite e o luar
Chega a hora de descansar
Dorme em sossego
Que o dia já vai voltar.

Margarida Fonseca Santos

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

À CONVERSA.

Quero ser o teu amigo. Nem demais e nem de menos.
Nem tão longe e nem tão perto.
Na medida mais precisa que eu puder.
Mas amar-te sem medida e ficar na tua vida,
Da maneira mais discreta que eu souber.
Sem tirar-te a liberdade, sem jamais te sufocar.
Sem forçar tua vontade.

Sem falar, quando for hora de calar.
E sem calar, quando for hora de falar.
Nem ausente, nem presente por demais.
Simplesmente, calmamente, ser-te paz.
É bonito ser amigo, mas confesso é tão difícil aprender!
E por isso eu te suplico paciência.
Vou encher este teu rosto de lembranças,
Dá-me tempo, de acertar nossas distâncias

Fernando Pessoa



 

domingo, 16 de outubro de 2011

FOLHAS E MAÇA ENCARNADA

O sorriso de quem ama tem perfume de jasmim
São rosas de avelã,
Flores, maçã.
São pássaros que voam de mãos dadas
Que se beijam na madrugada,
Mar que banha o oceano
Rios que cantam,
Borboletas, hortelã...
São versos de rimas,
Poemas,
São verdes, alegrias
O sorriso de quem ama
Tem a cor e a cara da poesia
Leônia Teixeira
                                                                                           

domingo, 9 de outubro de 2011

CEREJAS E FLORES




Abraçando a madrugada

colho as cerejas
no sorriso da árvore;
à noite conto estrelas
que me prometem um pedaço de céu.

Como uma rainha
coroada de estrelas
e brincos de cereja feita princesa
de novo sou uma menina
reinventando sonhos à janela.

Bernardete Costa

 

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

INTERVALO .

                                                                                                                                                                     










Um café, um amigo, uma prece, uma bênção.
Tudo o que esquenta o coração, alimenta a fé e fortalece a vida.


Cláudia Dornelles



sábado, 17 de setembro de 2011

EM TONS DE OUTONO.


No entardecer da terra,
O sopro do longo outono
Amareleceu o chão.
Um vago vento erra,
Como um sonho mau num sono,
Na lívida solidão.

Soergue as folhas, e pousa
A folha volve e revolve
Esvai-se ainda outra vez.
Mas a folha não repousa
E o vento lívido volve
E expira na lividez.
...
Fernando Pessoa

sábado, 10 de setembro de 2011

FLORES

Entre mim e a vida há
uma ponte partida...
Só os meus sonhos passam
por ela...
Às vezes na aragem vêm de
outra margem
Aromas a uma realidade bela;
Mas só sonhando atravesso o brando
Rio e me encontro a viver e crer...
Se olho bem, vejo - pobre desejo! -
Partida a ponte para Viver...
E então memoro num choro
Uma vida antiga que nunca tive
Em que era inteira a ponte inteira...
E eu podia ir para onde se vive
E então me invade uma saudade
Dum misterioso passado meu
Em que houvesse tido um
outro sentido
Que me falta pra ser, não sei como...EU..

Fernando Pessoa

 

sábado, 27 de agosto de 2011

POR UMA PAPOILA!


Não a façam sofrer.
Não olhem a nudez da sua cor.
Se a quiserem ver
Adivinhem de longe o seu pudor.
Olhos nos olhos, não:
Cora, descora, agita-se de medo,
E é todo o desespero e a solidão
De ter na própria vida o seu degredo.
É uma donzela que não quer casar.
Veio ao mundo viver
A beleza gratuita de passar
Sem nenhuma paixão a conhecer.

Miguel Torga

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

COM MÚSICA

Entrei no Café com um rio na algibeira
e pu-lo no chão,
a vê-lo correr
da imaginação...

A seguir, tirei do bolso do colete
nuvens e estrelas
e estendi um tapete
de flores
- a concebê-las.

Depois, encostado à mesa,
tirei da boca um pássaro a cantar
e enfeitei com ele a Natureza
das árvores em torno
a cheirarem ao luar
que eu imagino.

E agora aqui estou a ouvir
a melodia sem contorno
deste acaso de existir
- onde só procuro a Beleza para me iludir
dum destino.
José Gomes Ferreira 

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

CINCO JARROS BRANCOS.

                                                     
                                                    
Quero-te de branco,
ou antes, modelada
nas roupas que cosesses
das bonecas, nos saltos,
nos baloiços, nos degraus
de uma porta qualquer donde saísses.
Quero-te de branco e intocada,
carregada porém dos anos buliçosos
e das vidas ausentes.
De branco, meu amor,
e de tão branco
que me desses o mundo em luz de sol.

Pedro Tamen


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