quarta-feira, 4 de agosto de 2021
SER PAI, SER MÃE.
O filho é uma abertura ao desconhecido, ao imprevisto, a algo que escapa a qualquer possível programação; acolher um filho significa aceitar o início de uma aventura que só minimamente podemos controlar, e que poderá expor-nos à alegria, mas também à dor, a satisfações, mas também a frustrações. Um filho muda-nos a vida sem retorno, e pede-nos que aceitemos o risco de uma novidade verdadeira que, ainda que originada por nós, não podemos nem devemos controlar.
Isto é que nos mete medo; mas isto é também aquilo que faz o tornar-se pais uma coisa tão especial, que não se assemelha a nenhuma outra: alguém que antes não existia inicia a existir através de nós, e a sua presença inaugura um mundo novo, capaz de felicidade.
Porque as crianças, essas sim, sabem ser felizes, e com os seus pensamentos, as suas palavras, a sua curiosidade e descobertas, são capazes de oferecer a quem as ama um olhar sempre renovado sobre a vida.
Mariolina Ceriotti Migliarese
Neuropsiquiatra infantil, psicoterapeuta
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