Apenas um lugar, onde a pintura me leva no tempo - agora.
sábado, 29 de novembro de 2014
DOIS GATOS.
Saudade da infância De terra na mão Brincadeira de roda Correr na rua Pés descalços Birra pro banho Muita bagunça Pouca importância Nenhuma preocupação
Que fazes por aqui, ó gato? Que ambiguidade vens explorar? Senhor de ti, avanças, cauto, meio agastado e sempre a disfarçar o que afinal não tens e eu te empresto, ó gato, pesadelo lento e lesto, fofo no pelo, frio no olhar!
De que obscura força és a morada? Qual o crime de que foste testemunha? Que deus te deu a repentina unha que rubrica esta mão, aquela cara? Gato, cúmplice de um medo ainda sem palavras, sem enredos, quem somos nós, teus donos ou teus servos?
GATO
Que fazes por aqui, ó gato?
Que ambiguidade vens explorar?
Senhor de ti, avanças, cauto,
meio agastado e sempre a disfarçar
o que afinal não tens e eu te empresto,
ó gato, pesadelo lento e lesto,
fofo no pelo, frio no olhar!
De que obscura força és a morada?
Qual o crime de que foste testemunha?
Que deus te deu a repentina unha
que rubrica esta mão, aquela cara?
Gato, cúmplice de um medo
ainda sem palavras, sem enredos,
quem somos nós, teus donos ou teus servos?
Alexandre O'Neill
Poesias Completas. 1951-1986
Lisboa, INCM, 1990 (3ª ed.)
É tão bonito o teu poema!
ResponderEliminarSão sempre lindos os gatos(verdadeiros!) assim como os poemas sobre gatos!
E este de Fernando Pessoa?
Gato que brincas na rua
Como se fosse na cama,
Invejo a sorte que é tua
Porque nem sorte se chama.
...
És feliz porque és assim,
...
Beijinhos