Fazei Senhor , com que as sobras das mesas fartas sejam levadas em vosso nome àqueles que nada têm e que a côdea largada na abundância nunca seja lançada com desprezo. Haverá sempre uma boca faminta à sua espera. Graças, Senhor, pelo primeiro semeador que lançou a primeira semente na terra e pelo homem que amassou, levedou e cozeu o primeiro pão.
Enfeite-se com margaridas e ternuras E escove a alma com flores Com leves fricções de esperança De alma escovada e coração acelerado Saia do quintal de si mesmo E descubra o próprio jardim... Artur da Távola
Deixo-te meu coração livre como um pássaro uma árvore uma pedra se me tocares não importa se a pedra cai livre como árvore ou se esta voa livre como um pássaro.
Se um girassol Ao por do sol Parece sorrir Pois fica com certeza Que a noite está para vir. Olha o girassol Diz adeus ao sol Sorri tu também A noite é bem bonita O girassol que o diga. Chega a noite e o luar Chega a hora de descansar Dorme em sossego Que o dia já vai voltar.
Quero ser o teu amigo. Nem demais e nem de menos. Nem tão longe e nem tão perto. Na medida mais precisa que eu puder. Mas amar-te sem medida e ficar na tua vida, Da maneira mais discreta que eu souber. Sem tirar-te a liberdade, sem jamais te sufocar. Sem forçar tua vontade.
Sem falar, quando for hora de calar. E sem calar, quando for hora de falar. Nem ausente, nem presente por demais. Simplesmente, calmamente, ser-te paz. É bonito ser amigo, mas confesso é tão difícil aprender! E por isso eu te suplico paciência. Vou encher este teu rosto de lembranças, Dá-me tempo, de acertar nossas distâncias
O sorriso de quem ama tem perfume de jasmim São rosas de avelã, Flores, maçã. São pássaros que voam de mãos dadas Que se beijam na madrugada, Mar que banha o oceano Rios que cantam, Borboletas, hortelã... São versos de rimas, Poemas, São verdes, alegrias O sorriso de quem ama Tem a cor e a cara da poesia Leônia Teixeira
No entardecer da terra, O sopro do longo outono Amareleceu o chão. Um vago vento erra, Como um sonho mau num sono, Na lívida solidão.
Soergue as folhas, e pousa A folha volve e revolve Esvai-se ainda outra vez. Mas a folha não repousa E o vento lívido volve E expira na lividez. ... Fernando Pessoa
Entre mim e a vida há uma ponte partida... Só os meus sonhos passam por ela... Às vezes na aragem vêm de outra margem Aromas a uma realidade bela; Mas só sonhando atravesso o brando Rio e me encontro a viver e crer... Se olho bem, vejo - pobre desejo! - Partida a ponte para Viver... E então memoro num choro Uma vida antiga que nunca tive Em que era inteira a ponte inteira... E eu podia ir para onde se vive E então me invade uma saudade Dum misterioso passado meu Em que houvesse tido um outro sentido Que me falta pra ser, não sei como...EU..