segunda-feira, 6 de abril de 2015

DIVAGAR.


Estou cansada de Inverno.
Sonho com tempo ameno, roupas leves, mar tranquilo.
Sentar-me em relva verdejante.
Aborrecem-me
dias cinzentos; tardes frias.
Passeios no parque com pressa ou medo de chover.
Caminho nas palavras. Ou por entre elas.
Sonho-me. No azul da tarde.
Sempre.
Divago na sombra da partida.
Vou. Volto?
Devagar no jardim a noite poisa
E o bailado dos seus passos
Liberta a minha alma dos seus laços,
Como se de novo fosse criada cada coisa.

Sophia de Mello Breyner Andresen

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