quinta-feira, 21 de junho de 2012

O CAMINHO DO MAR.




Mar sonoro, mar sem fundo, mar sem fim.
A tua beleza aumenta quando estamos sós
E tão fundo intimamente a tua voz
Segue o mais secreto bailar do meu sonho.
Que momentos há em que eu suponho
Seres um milagre criado só para mim.

Sophia de Mello Breyner Andresen
 

2 comentários:

  1. HORA

    Sinto que hoje novamente embarco
    Para as grandes aventuras,
    Passam no ar palavras obscuras
    E o meu desejo canta --- por isso marco
    Nos meus sentidos a imagem desta hora.

    Sonoro e profundo
    Aquele mundo
    Que eu sonhara e perdera
    Espera
    O peso dos meus gestos.

    E dormem mil gestos nos meus dedos.

    Desligadas dos círculos funestos
    Das mentiras alheias,
    Finalmente solitárias,
    As minhas mãos estão cheias
    De expectativa e de segredos
    Como os negros arvoredos
    Que baloiçam na noite murmurando.

    Ao longe por mim oiço chamando
    A voz das coisas que eu sei amar.

    E de novo caminho para o mar.


    Sophia de Mello Breyner Andresen

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    1. Como é belo este poema!
      Fico vaidosa por esta pintura o fazer recordar!Mas só mesmoo a tua alma doce e generosa!

      Bjs

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