Que fazes por aqui, ó gato? Que ambiguidade vens explorar? Senhor de ti, avanças, cauto, meio agastado e sempre a disfarçar o que afinal não tens e eu te empresto, ó gato, pesadelo lento e lesto, fofo no pêlo, frio no olhar!
De que obscura força és a morada? Qual o crime de que foste testemunha? Que deus te deu a repentina unha que rubrica esta mão, aquela cara? Gato, cúmplice de um medo ainda sem palavras, sem enredos, quem somos nós, teus donos ou teus servos?
Escuto mas não sei Se o que oiço é silêncio Ou deus Escuto sem saber se estou ouvindo O ressoar das planícies do vazio Ou a consciência atenta Que nos confins do universo Me decifra e fita Apenas sei que caminho como quem É olhado amado e conhecido E por isso em cada gesto ponho Solenidade e risco.
Estive pensando hoje de manhã que fino trabalho fez o céu para amanhecer com cara de romã? Estive pensando hoje de manhã onde será que nascem os ventos para viverem assim de déu em déu? Que nuvem é como pensamento sai andando sem poder parar. Estive pensando hoje de manhã enganoso pensar que o mar vive sozinho parado sonhando. Estive pensando hoje de manhã que tudo na terra vive amando: mar, nuvem, vento, idéia, romã.
Minha aldeia é todo o mundo. Todo o mundo me pertence. Aqui me encontro e confundo com gente de todo o mundo que a todo o mundo pertence.
Bate o sol na minha aldeia com várias inclinações. Ângulo novo, nova ideia; outros graus, outras razões. Que os homens da minha aldeia são centenas de milhões. António Gedeão
A flor de lótus é um símbolo de pureza por que se mantém limpa mesmo brotando na lama. Este é o nosso desafio ao assumir uma posição política em defesa da paz: manter o coração limpo em meio ao ódio e a intolerância.