Quero,
nos teus quartos forrados de luar
onde nenhum dos meus gestos faz barulho
voltar,
e sentar-me um instante
na beira da janela contra os astros
e olhando para dentro contemplar-te,
tu dormindo antes de jamais teres
acordado,
tu como um rio adormecido e doce
seguindo a voz do vento e a voz do mar
subindo as escadas que sobem pelo ar.
Sophia de Mello Breyner Andresen