segunda-feira, 29 de agosto de 2016

EM HOMENAGEM.

Sei que é preciso sonhar.
Campo sem orvalho, seca
A frente de quem não sonha.
Quem não sonha o azul do vôo
perde seu poder de pássaro.

A realidade da relva
cresce em sonho no sereno
para não ser relva apenas,
mas a relva que se sonha.

Não vinga o sonho da folha
se não crescer incrustado
no sonho que se fez árvore.

Sonhar, mas sem deixar nunca
que o sol do sonho se arraste
pelas campinas do vento.

É sonhar, mas cavalgando
o sonho e inventando o chão
para o sonho florescer.
 Thiago de Mello



domingo, 14 de agosto de 2016

ANÉMONA, FLOR DO VENTO.

Todo o tempo é de poesia
Desde a névoa da manhã
à névoa do outo dia.
Desde a quentura do ventre
à frigidez da agonia

Todo o tempo é de poesia
Entre bombas que deflagram.
Corolas que se desdobram.
Corpos que em sangue soçobram.
Vidas qua amar se consagram.
Sob a cúpula sombria
das mãos que pedem vingança.
Sob o arco da aliança
da celeste alegoria.

Todo o tempo é de poesia.
Desde a arrumação ao caos
à confusão da harmonia.
António Gedeão

segunda-feira, 1 de agosto de 2016

PÊSSEGOS DA BEIRA ALTA.



Lembrei-me que tinha saudades. Saudades dos pêssegos da casa do meu avô paterno. Do sabor dos pêssegos. Do cheiro deles. De comê-los acabados de apanhar das árvores e sentir o sumo a escorrer-me pela face. Do sol que brilha mais quando somos crianças. Do riso dos meus irmãos e dos meus primos. 

Blog Contos e ditos
Inês Aroso